O Livro(s) do Desassossego é o livro da vida de Pessoa. Acompanhou o seu devir, como pessoa e como escritor. Vicente Guedes é o jovem artista Decadente, dandy e blasé, ao gosto pós- simbolista do tempo, que Pessoa também foi - e que serviu de modelo aos "novos" que o seguiam, e como tal se assumiam, na revista Orpheu (dois números em 1915). Calou-se, no final dos anos 1920, no rescaldo do suicídio de Mário de Sá- Carneiro, parceiro nas aventuras estéticas que os animarem e "alma-par" de Pessoa - como o evocou num poema, no ano da sua morte. O livro do Barão de Teive (acontecido em 1928, depois de um hiato de 8 anos) repousa-nos, com a sua austeridade de pensamento e linguagem, dos excessos metafóricos de Guedes. Bernardo Soares, que se manifesta a partir de 1929, é nós-todos - todos-os-homens, de todos os tempos, abraços com a sua alma-corpo e com o enigma do universo.