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A cidade das aves
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O leitor há de notar que A cidade das aves é um livro pensado ao longo dos anos.
Não é fruto do acaso e do improviso. Tereza monta um mosaico da memória que tem
alcance crítico. Passa longe do ufanismo que acompanha toda a mitologia do
progresso que preside a formação e o crescimento do Estado de São Paulo, capital e
cidades do interior.
A cidade das aves foi escrito na contramão da história oficial e me faz lembrar Walter
Benjamin, quando escreveu que a história deve ser contada do ponto de vista dos
vencidos. É dos vencidos que o livro de Tereza trata. É das ruínas do progresso que
esse livro nasce. A ocupação violenta e predatória de uma região do Oeste de São
Paulo define-se do ponto de vista do livro – ao mesmo tempo geográfico, pessoal e
familiar, histórico e social, cultural e humano. O Rio Paranapanema, o sítio do
Taquaruçu, os sítios e os colonos, os kaingang, os imigrantes, a destruição da
natureza e a clara intenção genocida de acabar com os índios, primeiros habitantes
da terra, acossados desde o início da colonização portuguesa nos trópicos.
A rigor, o primeiro vértice crítico é a relação do capitalismo que avança com a
natureza e os índios. É sempre uma relação destrutiva, e Tereza sabe narrar os
resultados negativos, ao mesmo tempo em que salva a memória do que foi destruí-
do. É um ponto de vista bonito e melancólico, porque o que foi destruído não pode
ser recuperado.
O trabalho da memória em A cidade das aves, caminhando na contramão da
mitologia do progresso de São Paulo, mantém viva a memória. Faz isso a seu modo,
em busca de um tempo perdido, mirando com tristeza a terra devastada e os modos
de vida deixados para trás.
O contraponto crítico central é esse: a memória pessoal e familiar, as cenas da vida
cotidiana de gente comum, a variedade e a beleza do mundo natural, os modos de
vida e a cultura dos kaingang, os sítios e as pequenas propriedades, o rio, as águas,
as aves, em oposição aos poderosos e proprietários, interessados em ocupar o
território, montar fazendas, expulsar os índios, sufocar a sobrevivência dos peque-
nos sitiantes, deixando como resultado um rastro de restos e ruínas. O nome desse
rastro de restos e ruínas – lembrando novamente Walter Benjamin – é progresso.
André Bueno
Páginas | 432 |
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Data de publicação | 29/11/2024 |
Formato | 21 x 14 x 2 |
Largura | 14 |
Comprimento | 21 |
Acabamento | Brochura |
Lombada | 2 |
Altura | 2 |
Tipo | pbook |
Número da edição | 1 |
Classificações BISAC | FIC000000 |
Classificações THEMA | F |
Idioma | por |
Peso | 0.44 |