O capitalismo no Brasil é uma visão de conjunto da economia brasileira e de suas origens coloniais até a contemporaneidade. O livro reconstitui a formação do capitalismo no Brasil como realidade econômica, política, social e cultural, destacando suas principais características, suas contradições, impasses e virtualidades. Desde o século XIX, alguns autores, como Justiniano José da Rocha, identificaram certa característica recorrente de nossa história política que é a tendência à conciliação, à transação como estratégia básica das classes dominantes brasileiras, que tem mobilizado nesse processo mitos como o da história incruenta, da democracia racial, da cordialidade inata dos brasileiros, que funcionam como instrumentos de validação de iníquos padrões de distribuição de renda e de riqueza, de permanentes déficits democráticos, de exclusão e marginalização política, social e cultural. Desde meados do século XIX o Brasil tem experimentado importantes transformações sob a forma de significativos processos de modernização, industrialização e urbanização, além de uma vigorosa experiência de crescimento econômico, que entre 1900 e 1980 só não foi maior que o crescimento da economia japonesa. E, no entanto, todos esses efetivos êxitos não resultaram em superar a condição periférica, dependente, subdesenvolvida de nossa economia, na medida em que os frutos do crescimento obtido, não só não foram distribuídos, mas de fato foram ainda mais concentrados. Ao longo do século XX o tema do desenvolvimento se impôs como palavra de ordem central como grande objetivo de variados governos e regimes políticos. As várias modalidades de desenvolvimento, o desenvolvimentismo também como um todo, se em alguns momentos pareceu ser capaz de superar o subdesenvolvimento brasileiro ao fim e ao cabo não foi alcançado, porque ele só poderá se realizar no bojo de efetivo processo de distribuição da renda, da riqueza, do poder e da informação.