Com um século de atraso em relação aos Estados Unidos, o Brasil universalizou o acesso ao ensino fundamental no final dos anos 1990. O avanço quantitativo, porém, escancarou a gravidade do déficit qualitativo. Embora o gasto público em educação no Brasil (6% do PIB) seja maior que a média da OCDE e dos nossos pares regionais, os resultados são pífios. Uma proporção vexatória dos alunos não aprende no tempo certo ou, pior, nunca aprende.

Em País mal educado, Daniel Barros faz a pergunta decisiva: por que se aprende tão pouco nas escolas brasileiras? A resposta que oferece, com base em criterioso trabalho de pesquisa, entrevistas e investigação in loco nas nossas salas de aula, tem a força de um axioma: a qualidade da educação em qualquer lugar do mundo não pode superar a qualidade dos seus professores.

Escrito em prosa límpida e objetiva, o principal mérito deste livro é fazer um diagnóstico preciso da crise de aprendizagem e esmiuçar o que funciona ou não na obtenção de resultados educacionais. Como o autor evidencia em exemplos de notável riqueza, a capacitação dos professores, a valorização da carreira, a melhoria da gestão das escolas, a avaliação rigorosa do aprendizado e a continuidade das políticas exitosas fazem toda a diferença.

O futuro do Brasil não será decidido nas reuniões do Copom, nos pregões da Bolsa ou nas profundezas do pré-sal. Mas sim nos milhares de salas de aula do nosso país-continente. Como você verá neste País mal educado, as deficiências do ensino básico e a desigualdade de oportunidades respondem pela mais cruel e injusta fratura moral da escravidão no século XXI.